A MENINA DO POÇO



"Existem relatos sobre locais especiais, os quais contém mistérios e manifestações, parecendo ser guardados por entidades, como se fosse sua última e definitiva moradia." Um desaparecimento misterioso em um desses locais poderia gerar energias e abrir um portal ligando nosso mundo ao sobrenatural?"


O Relato a seguir é sobre um desses assustadores acontecimentos!

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O relato a seguir ocorreu ainda nos anos 70.

Meus avós moravam em uma casa de aluguel bem no centro da cidade de São Roque, interior de São Paulo, casa que deu lugar hoje em em dia, a um estacionamento.
Depois de muito economizar conseguiram comprar sua casa própria num bairro vizinho ao centro.
O ex-dono da casa a vendeu por um valor bem abaixo do normal mas deixou sob responsabilidade do meu avô a reforma geral do imóvel.
Alguns dias antes da reforma minha avó começou a sonhar com uma menina de mais ou menos sete anos, com um vestidinho branco e com cabelos bem pretos.
Ela não dizia nada, apenas ficava encarando minha avó que, no sonho, já estava morando na nova casa.

Quando a reforma começou, os sonhos com essa menina se intensificaram e se tornaram mais assustadores.
Na última semana da reforma, segundo os pedreiros disseram ao meu avô, aconteceu de tudo naquela casa.
Ferramentas sumiram, pedras foram atiradas cuntinuamente sobre o telhado, canos estouraram e o pior, descobriram no quintal um poço aterrado e cimentado por cima e no cimento estava cravada uma cruz de madeira.
Aquilo parecia um túmulo e assustou a todos que trabalhavam lá.
A tarde quando meu avô chegou para conferir os resultados finais da reforma, os pedreiros disseram a ele o ocorrido, mas ele não deu muita importância ao caso.
Somente foi até o quintal e com uma marreta destriu o cimentado sobre o poço, desfez a velha cruz de madeira e se foi.

Finalmente, depois de quase um mês de reforma, no sábado puderam se mudar.
Minha avó estava muito cansada, pois passou a noite toda tendo pesadelos com aquela menina, diferente dos sonhos iniciais, naquela última noite a garota estava agressiva, corria pela casa e parecia irritada.
A tarde, meu avô saiu para comprar algumas coisas que faltavam para a casa enquanto minha avó ficou na cozinha terminando de ajeitar as panelas e pratos.
Enquanto fazia isso, notou alguém passando pelo vitrô da cozinha no corredor do lado de fora.
Como o vitrô estava fechado e o vidro era canelado ela só pôde ver uma sombra baixa indo em direção ao quintal.
Minha avó imediatamente largou o que estava fazendo e foi até lá ver quem era.

Ao abrir a porta da cozinha e andar na direção para onde foi a sombra ela se depara frente a frente com a menina do sonho, do mesmo jeito, com aquele vestido branco e cabelos bem pretos, porém agora com um aspecto semi transparente e incrivelmente seus pés não tocavam o chão, ficavam a alguns centímetros do solo.
Aquela imagem paralizou minha avó no mesmo lugar, ela só conseguia respirar, realmente se tratava de algo que ele temia desde os tempos de infância, era um fantasma.
Depois de um tempo que minha avó não sabe precisar, o espectro sumiu.
Somente nesse momento foi que ela conseguiu se mover e sair correndo para a frente da casa onde ficou esperando meu avô chegar.

Quando ele chegou ouviu em silêncio tudo o que ela falou e para a surpresa dela ele comentou que tinha encontrado o ex-dono da casa na loja de materias de contrução e falou sobre o que os pedreiros tinham presenciado na última semana de reforma, sendo que o ex-dono disse que realmente aquele lugar era "interessante", foi realmente esse termo que ele usou "interessante".
Ele disse que antes dele se mudar para aquela casa, a filha mais nova do casal que lá morava, estava brincando com seu irmão no quintal e caiu no poço.
O garoto saiu para chamar os pais que procuraram o corpo da garota por dias e dias mas, surpreendentemente, não encontraram nada! Para onde ela teria ido?
Aquilo era um poço, não um rio.
Nem era tão fundo assim! Mas nada. Procuraram por um mês e desistiram, acabaram por sepultá-la ali mesmo.

Isso explicaria o aterro, o cimento e a cruz que haviam lá e que meu avô destruiu.
Imediatamente foram até o quintal e refizeram tudo o que lá estava.
Minha avó xingava o pobre do meu avô por haver destruído o suposto túmulo enquanto ele mexia o cimento e cruzava duas partes de madeira para refazer a cruz.
Minha avó rezou um terço sobre aquele lugar e depois disso nada mais aconteceu.

Meu avô faleceu em 1998 e até quando minha avó morava lá, quando a visitava, confesso que não me atrevia a ir até o quintal, principalmente à noite e sozinho.


 

 

Robson Antunes Cardoso
São Roque - SP - Brasil
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